O Transtorno Alimentar Restritivo Evitativo (TARE), também conhecido como ARFID (sigla em inglês para Avoidant/Restrictive Food Intake Disorder), é uma condição relativamente recente no campo dos transtornos alimentares, reconhecida oficialmente no DSM-5 (Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais). Ao contrário da anorexia ou bulimia, o TARE não está ligado à preocupação com o peso ou com a imagem corporal, mas sim à recusa ou evitação alimentar motivada por medo de engasgo, sensibilidade sensorial a texturas, sabores, cheiros ou experiências alimentares negativas.
Esse transtorno afeta especialmente crianças, mas também pode se manifestar em adolescentes e adultos. O diagnóstico precoce e o tratamento adequado são essenciais para evitar impactos negativos no crescimento, desenvolvimento e bem-estar emocional.
O Que É o Transtorno Alimentar Restritivo Evitativo (TARE)
O TARE é um transtorno alimentar caracterizado por uma alimentação extremamente seletiva, com recusa de certos alimentos ou grupos alimentares. Essa evitação vai além das “frescuras” alimentares comuns na infância. Crianças com TARE apresentam dificuldades significativas para manter uma dieta adequada em quantidade e variedade, o que pode levar a deficiências nutricionais, perda de peso e atrasos no desenvolvimento físico.
As causas do TARE são multifatoriais. Algumas crianças podem apresentar aversão sensorial, como repulsa a certas texturas, cores ou odores. Outras desenvolvem medo intenso de engasgar, vomitar ou ter reações adversas. Situações traumáticas com a alimentação, como um episódio de sufocamento, também podem ser gatilhos. Além disso, o transtorno é comum em crianças com autismo, ansiedade ou Transtorno de Processamento Sensorial.
O diagnóstico envolve uma avaliação clínica minuciosa feita por psiquiatras e psicólogos, além do acompanhamento de nutricionistas e, em alguns casos, médicos gastroenterologistas. O TARE não pode ser confundido com caprichos alimentares comuns, pois traz prejuízos concretos à saúde e ao cotidiano da criança.
Como Diagnosticar o TARE em Crianças
O diagnóstico do TARE deve ser feito por profissionais especializados em saúde mental infantil, como psiquiatras e psicólogos, geralmente com apoio de outros especialistas. A avaliação envolve a análise da história alimentar da criança, entrevistas com os pais e cuidadores, observação clínica, aplicação de escalas e exames nutricionais.
Entre os critérios para o diagnóstico, destacam-se: recusa alimentar persistente, perda significativa de peso ou falha no ganho de peso esperado para a idade, deficiências nutricionais, dependência de suplementos nutricionais ou alimentação enteral e prejuízos psicossociais.
É fundamental diferenciar o TARE de outras condições médicas ou transtornos alimentares. Por exemplo, na anorexia, a restrição alimentar está associada ao medo de engordar; no TARE, a recusa alimentar não tem relação com a imagem corporal. A exclusão de causas médicas e neurológicas também é parte do processo diagnóstico.
Características do TARE em Crianças
Crianças com TARE geralmente demonstram uma alimentação muito limitada desde os primeiros anos de vida. É comum que aceitem apenas alguns alimentos específicos, frequentemente relacionados à textura, cor ou apresentação visual. Por exemplo, uma criança pode consumir somente alimentos brancos e secos, como arroz, batata e pão, recusando frutas, legumes e carnes.
Além disso, essas crianças costumam apresentar comportamentos de ansiedade extrema diante de alimentos desconhecidos. Muitas demonstram aversão apenas ao ver ou sentir o cheiro de certos alimentos. Podem chorar, gritar ou até vomitar quando pressionadas a comer algo que não aceitam.
Outro sinal comum é o impacto social: crianças com TARE evitam situações que envolvem alimentação fora de casa, como festas, passeios escolares e visitas a parentes. Essa evitação alimentar afeta diretamente sua vida social e emocional, causando angústia tanto na criança quanto na família.
Como Surge e Como se Comporta a Criança com TARE
O TARE pode se manifestar desde o início da introdução alimentar, com a criança apresentando rejeição persistente a novos alimentos. Em outros casos, surge após experiências negativas, como um engasgo ou infecção gastrointestinal, que provocam medo e evitamento.
O comportamento alimentar da criança com TARE não é uma escolha voluntária ou um desafio aos pais. Trata-se de um transtorno que gera sofrimento real e intenso, tanto físico quanto emocional. A criança deseja comer de forma “normal”, mas enfrenta bloqueios emocionais, sensoriais ou psicológicos que a impedem.
Muitas vezes, os pais se sentem culpados ou frustrados, acreditando que a criança está apenas sendo teimosa. Esse julgamento equivocado pode agravar o problema. É importante entender que se trata de um transtorno clínico que requer acompanhamento especializado.
Como o TARE Pode Prejudicar o Desenvolvimento da Criança
Um dos principais riscos do TARE é o comprometimento do crescimento e desenvolvimento infantil. A ingestão inadequada de calorias e nutrientes pode causar baixo peso, déficit estatural, anemia, fraqueza, queda de imunidade e atraso no desenvolvimento motor e cognitivo.
Crianças com TARE também apresentam maior risco de desenvolver osteopenia, atraso na maturação óssea e deficiências em vitaminas e minerais essenciais, como ferro, cálcio e zinco. A má nutrição pode comprometer o desempenho escolar e reduzir a capacidade de concentração.
Além dos aspectos físicos, há impactos sociais e comportamentais: a criança pode se sentir diferente dos colegas, sofrer bullying, evitar interações sociais e desenvolver isolamento ou ansiedade social. Isso interfere diretamente em sua autoestima e bem-estar emocional.
Impactos do TARE na Saúde Física e Emocional
Fisicamente, os efeitos do TARE incluem atraso no crescimento, falta de energia, imunidade reduzida, problemas gastrointestinais e necessidade de suplementação ou internação para correção nutricional. Crianças com TARE também podem desenvolver distúrbios do sono, fadiga crônica e menor resistência a infecções.
Emocionalmente, a criança pode se sentir constantemente ansiosa em relação à alimentação, o que gera tensão durante as refeições. A pressão dos familiares, o medo de comer, as reações físicas desagradáveis e as limitações sociais provocam angústia, medo e, em muitos casos, sintomas depressivos.
Também são frequentes sentimentos de frustração, vergonha e inadequação. Quando o transtorno não é tratado, essas emoções podem se intensificar na adolescência e idade adulta, resultando em quadros mais complexos e persistentes de transtorno alimentar, além de outros problemas psicológicos.
Como a Família Pode Ajudar a Criança com TARE
O apoio da família é essencial para o sucesso do tratamento do TARE. O primeiro passo é compreender que o problema não é culpa dos pais nem da criança. A alimentação não deve ser motivo de brigas, punições ou chantagens emocionais. É preciso oferecer acolhimento, paciência e suporte emocional.
Pais e cuidadores devem colaborar com os profissionais de saúde, relatando detalhes do comportamento alimentar da criança e seguindo as orientações terapêuticas. A participação ativa nas sessões de orientação familiar é fundamental para que o ambiente doméstico se torne um aliado no tratamento.
Também é importante promover uma relação mais leve e natural com a comida, evitando forçar a alimentação. Criar um ambiente tranquilo durante as refeições, respeitar os limites sensoriais da criança e valorizar pequenas conquistas são atitudes que contribuem para o progresso.
O Papel do Psiquiatra Infantil e do Psicólogo no Tratamento da TARE
O tratamento do TARE é multidisciplinar e geralmente inclui psiquiatras infantis, psicólogos, nutricionistas, terapeutas ocupacionais e, em alguns casos, fonoaudiólogos. O psiquiatra infantil atua no diagnóstico clínico, acompanhamento da saúde mental e, quando necessário, prescrição de medicações para sintomas associados, como ansiedade severa.
Já o psicólogo é responsável por conduzir intervenções terapêuticas, como Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC), Terapia de Exposição Gradual e técnicas de regulação emocional. A terapia ajuda a criança a lidar com medos, desenvolver flexibilidade alimentar e criar uma relação mais positiva com a comida.
Além disso, a terapia familiar é frequentemente indicada para orientar os pais a adotar estratégias eficazes, reduzir o estresse nas refeições e fortalecer o vínculo afetivo. O acompanhamento contínuo é fundamental para alcançar uma melhora duradoura.
Por Que Contar com a Aster Psicologia e Psiquiatria Guarulhos
A Aster Psicologia e Psiquiatria Guarulhos é referência no cuidado à saúde mental infantil e no tratamento de transtornos alimentares como o TARE. A clínica oferece uma equipe completa e experiente de psiquiatras infantis, psicólogos, nutricionistas e outros especialistas que atuam de forma integrada para cuidar da criança e da família.
Na Aster, cada caso é tratado com atenção individualizada, respeito e empatia. O plano terapêutico é elaborado de forma personalizada, considerando o histórico da criança, suas necessidades e as particularidades de seu desenvolvimento.
Além disso, a clínica utiliza abordagens baseadas em evidências científicas e promove um ambiente acolhedor para as crianças se sentirem seguras e compreendidas. Se você percebe que seu filho apresenta sinais de TARE, a equipe da Aster está pronta para ajudar desde a avaliação até o acompanhamento completo.
Exemplos e Curiosidades sobre o TARE
- Exemplo comum: Uma criança com TARE pode consumir apenas um tipo específico de macarrão, da mesma marca, preparado sempre da mesma maneira. Qualquer alteração no formato, molho ou cozimento pode ser motivo de recusa total.
- Curiosidade sensorial: Algumas crianças com TARE apresentam hipersensibilidade oral, o que faz com que a mastigação de certos alimentos (como frutas com casca ou carne fibrosa) seja sentida como desconfortável ou até dolorosa.
- Impacto escolar: Crianças com TARE podem evitar almoçar na escola por medo de passar vergonha ou não encontrar os poucos alimentos que aceitam, o que afeta seu desempenho e interação social.
- Alimentação limitada: Existem casos em que a criança consome apenas de 5 a 10 alimentos diferentes, todos ultraprocessados, aumentando o risco de carências nutricionais sérias.
O Transtorno Alimentar Restritivo Evitativo (TARE) é uma condição complexa, que exige olhar atento, acolhimento e tratamento especializado. Quando não tratado, pode comprometer profundamente o desenvolvimento físico, emocional e social da criança. Pais, educadores e profissionais da saúde precisam estar atentos aos sinais e buscar ajuda assim que possível.
Com diagnóstico precoce e acompanhamento multidisciplinar, é possível melhorar a qualidade de vida da criança, ampliar sua aceitação alimentar e restaurar o equilíbrio familiar. A Aster Psicologia e Psiquiatria Guarulhos está preparada para acolher essas famílias com competência, empatia e profissionalismo, ajudando cada criança a vencer suas dificuldades e desenvolver-se plenamente.